quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ascensão sem queda do processo de Mahagonny - uma despedida.


  "E aí? O que você achou de hoje?" Essa era a pergunta mais ouvida nos camarins após cada apresentação de Ascensão e queda da cidade de Mahagonny, feita pelo pessoal da turma 45. E em cada noite, cada um tinha uma resposta diferente pra essa pergunta. Uns falavam mais, outros menos, uns eram mais críticos, outros mais brandos. No entanto, nesse último sábado, dia 22 de outubro, essa pergunta não foi feita... A única coisa que se podia perceber no semblante de todos aqueles que, de alguma forma, participaram do processo Mahagonny era uma precoce, mas inevitável, saudade que, nos olhos dos mais sensíveis, se expressava por meio de lágrimas e, nos rostos dos mais contidos, surgia na forma de um sorriso que parecia dizer "estou aqui apenas, como um ator, representando a nostalgia que está atrasada" ou então "sou a melhor forma que meu portador encontrou para dizer: obrigado por tudo, sentirei saudades!". Pois é... O cenário era desmontado pela última vez, a maquiagem era removida pela última vez, o destino dos figurinos eram decididos já que não voltariam para o cabide a fim de serem reutilizados na apresentação seguinte. Enfim, tudo o que era feito, deixava de ser uma simples ação do cotidiano daquele processo e se convertia numa espécie de ritual de finalização - e, por que não dizer, de passagem, uma vez que, ao mesmo tempo que algo chegava ao seu fim, o vislumbramento de novos caminhos, de novos processos, já batia às portas da consciencia daquelas pessoas que há mais de três anos haviam decidido ingressar em um curso de formação de atores e atrizes e agora se aproximavam de seu fim. E, a partir de toda essa experiencia, várias são as questões que irrompem do pântano das inquietações...

O que é estar "formado"?
O que muda, afinal?
Sou, agora, um ator?
O que faço com tudo isso?
Valeu a pena?

Obviamente, esperar que transformações bruscas e imediatas venham à tona só porque se chegou ao fim de um ciclo é pura ingenuidade quando se leva em conta que, numa perspectiva fractal, esse ciclo nada mais é do que uma ínfima parte num processo muito maior chamado vida. Mas, reflexões existenciais a parte, e nesse momento, como orgulhoso integrante da turma 45, posso dizer que "nos apaixonamos e desapaixonamos várias vezes" por tudo e todos e que, acima de tudo, aprendemos pra cacete com todas as experiências que atravessamos - ou seria, que nos atravessaram? Enfim... (e mais "enfim" do que nunca):

Meus sinceros agradecimentos por tudo o que vocês me proporcionaram. Inevitavelmente, levarei todos comigo!
Desde já, saudades

2 comentários:

  1. "nos apaixonamos e desapaixonamos várias vezes" rs

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  2. Rô, seu lindo!!!
    Eu, mais do que ninguém, devo agradecer a oportunidade de tê-los na minha vida, na minha trajetória...
    Foram sorrisos largos, choros desesperados e discussões intermináveis... E dizer que valeu a pena é pouco.
    Diante de tantos clichês, encerro com mais um: sentirei saudades! De tudo! De todos! De VOCÊS!

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