Nossa Torre está em Concurso

A Turma 48 da Fundação das Artes nos alertou ontem: “Nossa Torre está em concurso”. Constantemente em concurso. Por assim dizer, desde 1968, na inauguração e ocupação do prédio da Fundação das Artes. O alerta veio da apresentação do exercício cênico com o texto de Joaquim Manoel de Macedo “A Torre em Concurso”, escrita no século XIX.

E mesmo que repetidamente, retomo a palavra “concurso”, pois não teria outra forma de continuar com este texto. Nossa Torre está em Concurso e precisa de reformas, e o engenheiro não precisa ser inglês nem falar em inglês (piada que cabe apenas aos que assistiram ao exercício).

“Este texto não foi escolhido por acaso para ser trabalhado com a turma, está dentro de um contexto social”, explicou o orientador do exercício, Sérgio de Azevedo. A escolha do texto foi destaque na fala de outro professor da Fundação, das matérias de História do Teatro e História do Teatro Brasileiro, Warde Marx. “A dramaturgia brasileira existe e de vez em quando vem uma turma para mostra isso. Esta comédia parece que foi escrita com as notícias que saíram nos jornais nos últimos dois meses, mas foi escrita há 200 anos, e ainda é a cara do país.”

O trabalho dos atores, voltado para a construção do personagem, com a assistência de Célia Luca, fez divertir o público, que divido em torcidas, foi parte integrante da atuação. Os problemas encontrados pela Turma 48 ao longo do processo foram transformados e jogados a favor, em um jogo mesmo, nas palavras da Célia, “um jogo de generosidade.”


Sarah Galvano – aluna da Turma 49, jornalista e Mauaense.