"Diante da morte todas as resoluções se dissolvem. As ações tornam-se inúteis, as paixões cessam. Só o amor permanece.
Naquele dia senti minha alma prestes a se dissolver, repelindo o corpo agora estranho. Estou morto - um suicida - o que torna a minha história mais interessante."
O que seria Macenda? Macenda é uma cidade do reino de Mifusgar. Ainda não entendeu? Então espere, vou explicar.
Cursando o quinto período tudo parece tão diferente do que deveria ser, tudo parece tão diferente do que tinha imaginado ainda no primeiro dia de aula. Eu esperava tanto o quarto período – hoje realizado e sendo o único que me deixou resquícios de saudade – e a formatura. O que esperar do quinto período que nunca é mencionado? Mal sabia eu que acabaria por me apaixonar nesta etapa de minha formação.
É necessário a entrega de um projeto com uma idéia de montagem para a formatura. Minha idéia era fazer um infantil, porém com tantas diferenças em nossa turma, como convencer a todos? Como fazer um projeto que me realize e que possa realizar a todos? Foi aí que veio a idéia de fazer um projeto mágico e impossível, o projeto “AGRADANDO GREGOS E TROIANOS”. Obviamente não sou tão inocente para acreditar nisso, acreditar que realmente agradarei a todos. É impossível. Sempre foi. Em nossa turma existem galáxias diferentes dentro de um planeta que precisa conviver. Mas eu tentei. E junto dessa tentativa carreguei comigo três pessoas, amigos que também buscam se realizar e que, por algum motivo, confiam em mim.
Um desses é um talentoso escritor, que não sabe ou não admite, tamanho talento. Eu confio e me orgulho dele. Em meio a suas crises e dúvidas – tentei esconder as minhas – e lhe explicar que não seremos os novos Shakespeare’s, nem os novos Tchecov’s, nem os novos Brecht’s, mas que precisamos começar de algum lugar, e porque não na nossa formatura? Afinal, corrija-me se estiver errada, ainda estamos em processo que formação, portanto aprendizado. A palavra chave desde a primeira idéia sempre foi “TENTAR”!
O projeto foi sendo conversado e montado através de conversas na BenHur, sopas, queijos roubados, esfihas e Dolly. As idéias foram surgindo, as discussões foram esquentando e tudo começou a ganhar vida. A história parecia não sair do lugar, e seus personagens eram a única coisa que tínhamos. Mas de onde eles vinham? O que eram? Nós não sabíamos e aos poucos eles mesmos – e nosso escritor modesto – foram nos contando. Cada nova descoberta, cada nova ligação entre eles, traziam um prazer e um brilho aos olhos de todos. Nós rimos, falamos besteiras e tivemos idéias ótimas.
Tanta coisa é necessária dentro de um projeto. Montamos seu orçamento, seus objetivos, justificativas, cronograma, escolhemos nomes de profissionais confiáveis e um modo de colocar aquilo claro. Tudo o que esperamos é a chance de ser lido e explicado. Queremos com o projeto mostrar para alguém e dizer “Tá vendo? Vem com a gente, vai ser muito legal!”. Tudo aqui parece quase uma brincadeira de criança, não é? Não, não é.
Estávamos nas últimas semanas e finalmente o projeto ganhou um nome: Macenda. No começo pareceu estranho, mas era um nome tão mencionado, afinal, é a cidade onde a história se passa. Até então, eu tinha me esquecido que a partir do momento que damos o nome a algo, nos apegamos a coisa. Era já a última semana e o projeto ainda estava na estrutura básica. Mostramos ao professor responsável e descobrimos que teríamos que reescrever muita coisa, e deixar “Macenda” ainda mais claro e objetivo. A história ainda não estava escrita e parecia não querer sair da mente de nosso escritor, agora sendo pressionado. Ele nos escreveu um diário de bordo – qualquer semelhança não é mera coincidência – dizendo o quão difícil estava sendo para ele e nos pedindo desculpas. E ainda assim ele continuou e eu nunca duvidei de sua capacidade.
Eu passei dias inteiros – meus primeiros dias no novo trabalho – reescrevendo e remontando tudo. Nosso escritor passou uma noite inteira escrevendo a história e eu, novamente, passei uma noite inteira editando e formatando. Deixando tudo o mais perto da perfeição de nossos olhos que eu podia. Descobri naquela madrugada, olhando os personagens e relendo a história pela décima vez, que estava completamente apaixonada. O quinto período nada mencionado reacendeu meu desejo de me formar.
Pode parecer besteira, mas enquanto engolia meu sono e meu mal humor de uma noite em branco, e pintava página por página do longo projeto deixando a apresentação como queríamos, eu estava parindo um filho. Sim, era como um filho, uma criação minha. Tudo o que passei por “Macenda” só fez aumentar meu amor. E então minha criança, recém nascida, foi tirada de meus braços.
Novamente, parece besteira, mas por um minuto pensei em não entregar, pensei em ficar comigo, em ficar lendo e relendo. Sei que as chances desse projeto não ser aceito são grandes, mas acho que não me importo mais, porque valeu a pena. Eu tenho um filho e quero vê-lo crescer. Vou realizar esse projeto – espero que acompanhada de meus três amigos – na formatura ou em outro momento. Sim, foi um projeto totalmente moldado para minha Turma. Sim, foi uma história totalmente pensada para a formatura, mas preciso tentar. Preciso continuar tentando.
"Nem bem tinha completado dez anos e acreditava que já tinha encontrado todas, não só as constelações, mas todas as estrelas. Eu havia nomeado cada uma e, de todas, uma em especial chamava a minha atenção. Ela ficava isolada das outras, não fazia parte de nenhuma constelação conhecida; parecia tão solitária, assim como eu. Passei então a observá-la mais do que as outras. Era como se ela também me observasse. Passei a sentir que ela me acompanhava por todos os lugares, que me protegia, que velava meu sono inquieto; podia ser só uma ilusão, mas eu realmente acreditava.
Enquanto os outros garotos se apaixonavam pela menina mais bonita, eu me apaixonava por uma estrela no céu. Eu cresci com ela. Os anos foram passando e eu a amava cada vez mais. Até que um dia, entre um minuto e outro, percebi que ela já não brilhava como antes, estava diferente, quase apagada. Eu sabia que havia algo errado: ela estava morrendo. Alguns segundos depois ela passou riscando o céu diante de mim. Foi como se ela estivesse apenas me esperando pra morrer, aguardando somente a mim para finalmente cumprir o seu destino e realizar o milagre que eu tanto desejei: trazer a minha mãe de volta a vida. Esperei por aquele momento a minha vida inteira. Então naquele instante eu desejei com todas as minhas forças que ela não morresse. Que viesse ao meu encontro, que fosse minha. De alguma forma meu desejo foi atendido e eu a vi caindo do céu. Saí desesperado a procurá-la, eu tinha que encontrá-la. A minha felicidade dependia disso."
Cristrina Chicon é aluna do curso profissionalizante de Teatro da Fundação das Artes e integra a turma 46. Quer ver seu texto aqui? Mande para teatrofascs@gmail.com.
É necessário a entrega de um projeto com uma idéia de montagem para a formatura. Minha idéia era fazer um infantil, porém com tantas diferenças em nossa turma, como convencer a todos? Como fazer um projeto que me realize e que possa realizar a todos? Foi aí que veio a idéia de fazer um projeto mágico e impossível, o projeto “AGRADANDO GREGOS E TROIANOS”. Obviamente não sou tão inocente para acreditar nisso, acreditar que realmente agradarei a todos. É impossível. Sempre foi. Em nossa turma existem galáxias diferentes dentro de um planeta que precisa conviver. Mas eu tentei. E junto dessa tentativa carreguei comigo três pessoas, amigos que também buscam se realizar e que, por algum motivo, confiam em mim.
Um desses é um talentoso escritor, que não sabe ou não admite, tamanho talento. Eu confio e me orgulho dele. Em meio a suas crises e dúvidas – tentei esconder as minhas – e lhe explicar que não seremos os novos Shakespeare’s, nem os novos Tchecov’s, nem os novos Brecht’s, mas que precisamos começar de algum lugar, e porque não na nossa formatura? Afinal, corrija-me se estiver errada, ainda estamos em processo que formação, portanto aprendizado. A palavra chave desde a primeira idéia sempre foi “TENTAR”!
O projeto foi sendo conversado e montado através de conversas na BenHur, sopas, queijos roubados, esfihas e Dolly. As idéias foram surgindo, as discussões foram esquentando e tudo começou a ganhar vida. A história parecia não sair do lugar, e seus personagens eram a única coisa que tínhamos. Mas de onde eles vinham? O que eram? Nós não sabíamos e aos poucos eles mesmos – e nosso escritor modesto – foram nos contando. Cada nova descoberta, cada nova ligação entre eles, traziam um prazer e um brilho aos olhos de todos. Nós rimos, falamos besteiras e tivemos idéias ótimas.
Tanta coisa é necessária dentro de um projeto. Montamos seu orçamento, seus objetivos, justificativas, cronograma, escolhemos nomes de profissionais confiáveis e um modo de colocar aquilo claro. Tudo o que esperamos é a chance de ser lido e explicado. Queremos com o projeto mostrar para alguém e dizer “Tá vendo? Vem com a gente, vai ser muito legal!”. Tudo aqui parece quase uma brincadeira de criança, não é? Não, não é.
Estávamos nas últimas semanas e finalmente o projeto ganhou um nome: Macenda. No começo pareceu estranho, mas era um nome tão mencionado, afinal, é a cidade onde a história se passa. Até então, eu tinha me esquecido que a partir do momento que damos o nome a algo, nos apegamos a coisa. Era já a última semana e o projeto ainda estava na estrutura básica. Mostramos ao professor responsável e descobrimos que teríamos que reescrever muita coisa, e deixar “Macenda” ainda mais claro e objetivo. A história ainda não estava escrita e parecia não querer sair da mente de nosso escritor, agora sendo pressionado. Ele nos escreveu um diário de bordo – qualquer semelhança não é mera coincidência – dizendo o quão difícil estava sendo para ele e nos pedindo desculpas. E ainda assim ele continuou e eu nunca duvidei de sua capacidade.
Eu passei dias inteiros – meus primeiros dias no novo trabalho – reescrevendo e remontando tudo. Nosso escritor passou uma noite inteira escrevendo a história e eu, novamente, passei uma noite inteira editando e formatando. Deixando tudo o mais perto da perfeição de nossos olhos que eu podia. Descobri naquela madrugada, olhando os personagens e relendo a história pela décima vez, que estava completamente apaixonada. O quinto período nada mencionado reacendeu meu desejo de me formar.
Pode parecer besteira, mas enquanto engolia meu sono e meu mal humor de uma noite em branco, e pintava página por página do longo projeto deixando a apresentação como queríamos, eu estava parindo um filho. Sim, era como um filho, uma criação minha. Tudo o que passei por “Macenda” só fez aumentar meu amor. E então minha criança, recém nascida, foi tirada de meus braços.
Novamente, parece besteira, mas por um minuto pensei em não entregar, pensei em ficar comigo, em ficar lendo e relendo. Sei que as chances desse projeto não ser aceito são grandes, mas acho que não me importo mais, porque valeu a pena. Eu tenho um filho e quero vê-lo crescer. Vou realizar esse projeto – espero que acompanhada de meus três amigos – na formatura ou em outro momento. Sim, foi um projeto totalmente moldado para minha Turma. Sim, foi uma história totalmente pensada para a formatura, mas preciso tentar. Preciso continuar tentando.
"Nem bem tinha completado dez anos e acreditava que já tinha encontrado todas, não só as constelações, mas todas as estrelas. Eu havia nomeado cada uma e, de todas, uma em especial chamava a minha atenção. Ela ficava isolada das outras, não fazia parte de nenhuma constelação conhecida; parecia tão solitária, assim como eu. Passei então a observá-la mais do que as outras. Era como se ela também me observasse. Passei a sentir que ela me acompanhava por todos os lugares, que me protegia, que velava meu sono inquieto; podia ser só uma ilusão, mas eu realmente acreditava.
Enquanto os outros garotos se apaixonavam pela menina mais bonita, eu me apaixonava por uma estrela no céu. Eu cresci com ela. Os anos foram passando e eu a amava cada vez mais. Até que um dia, entre um minuto e outro, percebi que ela já não brilhava como antes, estava diferente, quase apagada. Eu sabia que havia algo errado: ela estava morrendo. Alguns segundos depois ela passou riscando o céu diante de mim. Foi como se ela estivesse apenas me esperando pra morrer, aguardando somente a mim para finalmente cumprir o seu destino e realizar o milagre que eu tanto desejei: trazer a minha mãe de volta a vida. Esperei por aquele momento a minha vida inteira. Então naquele instante eu desejei com todas as minhas forças que ela não morresse. Que viesse ao meu encontro, que fosse minha. De alguma forma meu desejo foi atendido e eu a vi caindo do céu. Saí desesperado a procurá-la, eu tinha que encontrá-la. A minha felicidade dependia disso."
Cristrina Chicon é aluna do curso profissionalizante de Teatro da Fundação das Artes e integra a turma 46. Quer ver seu texto aqui? Mande para teatrofascs@gmail.com.
Quero TEMPO pra terminar de ler!!!!
ResponderExcluirMacenda? Que nome idiota.
ResponderExcluirSuper apoio. Só para desperdiçar o meu bordão.
ResponderExcluirhahhahahaha eu não entendi o nome. Me explica?
ResponderExcluirO texto dá uma breve explicação do nome! hehe Para maiores detalhes você pergunta pro criador do nome idiota aí... ¬¬ suahaushsau
ResponderExcluiruhuuuuuuuuuuuu
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