quinta-feira, 12 de abril de 2012

Com a palavra... Simone Zaidan

No começo deste ano, a Fundação recebeu a mais nova profissional da casa, a professora Simone Zaidan, 36 anos. Ela está dando aulas para o curso Básico, um dos cursos livres de teatro da Fundação, e para o Projeto Viva Arte. Por enquanto, vamos conhecer mais da vida dela, e seu trabalho na Fundação, nesta entrevista realizada na última sexta- feira, dia 6 de abril.

Qual é a sua formação em Teatro, Simone? 
Minha formação é Licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas, me formei em 1999 pela Unesp. Eu fui a segunda turma a me formar, até então lá só tinha Artes Plásticas e Música. Já fazia Teatro antes, e queria dar aula de Teatro, já era esta a minha intenção, tendo a formação como arte- educadora. Este currículo nem existe mais na Unesp, a pessoa já entra direto em licenciatura em Artes Cênicas, é até mais interessante, mas naquela época era assim. Ao mesmo tempo, no segundo ano da Faculdade, eu fui fazer Indac, que é um curso profissionalizante em São Paulo, e me formei lá como atriz. Depois disso, fiz especialização em Artes Cênicas, fiz Mestrado...

E como foi o seu começo no Teatro, com que idade começou a fazer? Você sempre quis trabalhar com isto?
Eu sempre quis, sempre tive a ideia de ser professora, mas também sempre quis ser atriz. Eu tinha 15 anos quando comecei a fazer Teatro amador no colégio, lá no interior de Ribeirão Preto, eu sou de lá. Eu fazia Anglo, e tinha um curso extra- curricular de Teatro, e fiquei os três anos do colégio fazendo Teatro. Gostava muito. Então eu comecei ali e não parei mais. Fiz um ano de Cursinho, e neste ano, eu participei do curso de Teatro da Usp, o Tusp, como ele é chamado lá.

E como está sendo esta nova fase, na Fundação? 
Ainda estou conhecendo as salas, tem super pouco tempo, né? Esta sala mesmo eu nem tinha entrado nela (risos). Mas tem sido muito bacana, estou gostando muito, é uma escola muito acolhedora e muito ativa, a gente vê as coisas acontecendo o tempo inteiro. Me lembra muito a Unesp, as salas são multifuncionais, tem o piano do lado... Essa proximidade das linguagens é muito interessante para todo mundo, desde que haja diálogo e que as pessoas procurem um diálogo. Ainda estou me surpreendendo, conhecendo as pessoas. É um lugar muito vivo aqui.

E como é dar aula pra faixa etária atendida pelos cursos Básico e do Viva Arte (dos 16 anos em diante)?
Pra esta faixa etária, eu já havia dado Oficinas, não cursos regulares. Cursos regulares que eu dei, foram mais para adolescentes mesmo. Para adultos, sempre em oficinas, cursos livres, esporadicamente. No Viva Arte, ainda dei poucas aulas, apenas três, para duas turmas, para adolescentes. Eu gosto também, é uma fase mais inquieta.

E quais são as diferenças do Básico para o Viva Arte? Qual o foco de cada um?
Eu vejo que os alunos que procuram o Básico, além de serem mais velhos,  tem uma expectativa em relação ao aprendizado da linguagem teatral. Mesmo que eles não falem isso formalmente, eles tem referências e se miram nestas referências. E no Viva, é muito mais a diversão, a socialização, eles aprendem coisas jogando, é outro enfoque. Eles aprendem muita coisa de Teatro, mas sem perceber, sem ter aquela coisa acadêmica. E já no Curso Básico, a gente já pode falar de linguagem, trazer textos, lidar com questões de interpretação. Um é mais técnico, o outro é mais jogo.

Você acha, então que o Curso Básico pode ser uma porta de entrada para o aluno querer cursar o Profissionalizante?
Me disseram que muitos desistem diante do desafio do Profissionalizante, que exige muito mais dedicação do que eles imaginavam. Acho que isto pode acontecer, mas eu me surpreendi porque muitos querem fazer. Foi uma surpresa, porque eu achei que eles estivesse mais descompromissados, mas não estão. Não sei se todos vão prestar, aqui não é um curso preparatório, mas meu conselho foi para eles aproveitarem, e que se quiserem, tudo o que eles veem aqui será útil. A maioria não tinha experiência nenhuma, então com certeza o curso prepara, porque tem que ter noção do que é, se dedicar, ler textos, cumprir horários...

Como o professor de Teatro lida com assuntos tão delicados dos alunos, que às vezes trazem problemas pessoais? O papel do professor de Teatro é importante nesta questão? 
Isso acontece, depende de cada caso, mas eu já cheguei a ter que procurar a família, você não pode ser omisso. Mas também, dependendo do caso, cabe uma conversa com o grupo, às vezes até em cena, ou então delimitar que ali não é o espaço para aquilo. O professor de teatro precisa sentir no que ele pode agir, é mais delicado. Adolescente, a gente pode e até deve aconselhar mais, mas com adultos, seriam mais conselhos. Quando a pessoa traz um problema, ela quer compartilhar com o grupo. Não é psicodrama, nem terapia, mas existe um espaço para isso, sim.

E como está sendo o começo dos trabalhos com as turmas?
Eles estão se conhecendo, e eu também estou conhecendo os alunos, então os jogos estão voltados para isto. No Viva, é muito jogo, e em ambos, tem uma avaliação no final de cada aula. Estou levando alguns textos, fazemos algumas cenas. Mais pro final do curso devemos ter uma Aula Aberta, também. Meus alunos já tem a tarefa de ver peças, a da Formatura e mais algumas outras, para começar a treinar o olhar, porque muitos viram poucas peças.



A professora Simone Zaidan

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